Psicodélico: Em reunião na ONU, Bolívia defende consumo da coca

quinta-feira, 15 de março de 2012

Em reunião na ONU, Bolívia defende consumo da coca



O presidente boliviano, Evo Morales, defendeu na segunda-feira o direito do seu povo a mascar folhas de coca, principal ingrediente da cocaína, dizendo que se trata de uma tradição antiga, e que seu governo está lutando contra o narcotráfico.

Segurando uma folha de coca para salientar sua mensagem durante uma reunião na ONU sobre narcóticos, o líder esquerdista, ex-dirigente sindical dos cultivadores da planta, disse que os cocaleiros não são "traficantes de drogas", e que a coca não é o mesmo que a cocaína.

A folha de coca foi declarada como um narcótico ilegal na Convenção Única sobre Entorpecentes, um documento da ONU de 1961, junto com a cocaína, a heroína, o ópio, a morfina e várias drogas químicas.

A Bolívia se retirou da convenção, mas espera readerir com uma ressalva ao uso da coca mascada. Não está claro, porém, se um número suficiente de países apoiará essa iniciativa.

"Sabemos que alguns países já nos transmitiram sua forte oposição", disse em entrevista coletiva o chefe do Escritório da ONU para Drogas e Crimes, Yury Fedotov.

Morales disse que mascar coca é um "direito ancestral" dos bolivianos. "Não somos viciados em drogas quando consumimos a folha de coca. A folha de coca não é cocaína, temos de nos livrar desse equívoco", disse ele no discurso, que terminou sob aplausos. "Essa é uma milenar tradição na Bolívia, e esperávamos que os senhores entendessem que os produtores de coca não são traficantes de drogas."

Após o discurso de Morales, milhares de cocaleiros saíram às praças em várias cidades do país, mascando coca para expressar apoio ao presidente.

A Bolívia é o terceiro maior produtor de coca, atrás de Colômbia e Peru. A folha da coca, quando mascada, serve como um estimulante leve, que reduz os incômodos decorrentes da fome e da altitude.
"Estamos muito cientes do dano que pode ser feito pela cocaína, e estamos trabalhando contra o tráfico de drogas (...), mas queremos o reconhecimento desses direitos ancestrais", disse Morales.

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