Psicodélico: Uma conversa com R. Gordon Wasson - Robert Forte

sábado, 5 de novembro de 2011

Uma conversa com R. Gordon Wasson - Robert Forte

Esta conversa teve lugar na casa do Sr. Wasson, em Danbury, Connecticut, em outubro de 1985, quatorze meses antes de Gordon vir a falecer. Gordon Wasson foi um banqueiro de Wall Street, vice presidente do J.P. Morgan Trust. Micologia foi seu passatempo até ele se aposentar do banco em 1963, quando, como ele mesmo disse, "resolveu cuidar do verdadeiro negócio". Durante os próximos vinte anos, Wasson foi autor de seis livros do campo de etnomicologia e dezenas de artigos acadêmicos revelando a origem e a fonomenologia de alguns dos grandes mistérios religiosos da humanidade. Chegou a ser membro honorário do Museu Botânico da Universidade de Harvard e Yale lhe condecorou com o seu estimado Prêmio Veblen. Mas o verdadeiro significado da sua pesquisa ainda tem que ser reconhecido pela sociedade moderna. Seria ilegal hoje em dia fazer nos Estados Unidos o que Gordon e sua esposa realizaram quando eles acharam o cogumelo sagrado e o trouxe de volta ao mundo ocidental. Em 1957 ele escreveu:

Citação:
Como têm sido divertido descobrir na micofobia a submissão intencional de muitos Europeus para um simples tabu como associar com pessoas primitivas, uma submissão a respostas emocionais que parecem levar de volta aos dias quando nossos ancestrais se encontraram cara-a-cara com o poder milagroso do cogumelo sagrado! O segredo perdido, o tabu sobrevive. Como as tribos que nossos antropólogos estudam, nós nos apegamos a nossos tabus e procuramos justificá-los racionalizando-os. Poucos homens querem liberdade, embora eles falem muito. Mas então, novamente, um homem talvez seja livre na sua escolha quando decide se filiar aos confins de sua desrazão (Wasson & Wasson, 1957).
ROBERT FORTE: Primeiramente permita-me dizer que é um prazer estar aqui e vê-lo denovo, sr. Wasson. Você parece muito bem, eu pensei que você havia dito que sua saúde não ía bem, sua aparência não mostra isso. É uma honra entrevistá-lo. Eu quero primeiro perguntar sobre o começo de sua carreira na micologia. Sua primeira descoberta foi que você, típico da sua herança anglo-saxã, descobriu sua ignorância do mundo dos cogumelos, com uma aversão, um asco, até mesmo um medo deles, enquanto sua esposa, Valentina Pavlovna, típico da sua herança russa, cresceu com um conhecimento dos cogumelos comuns e tinha até mesmo com um certo apego a eles. Estas atitudes distintas influenciaram vocês dois nos seus estudos. Você depois cunhou as palavras micofobia e micofilia para descrever estas atitudes contrastantes. Você poderia dizer algo a respeito desta diferença?

R. GORDON WASSON: Depois de estudar o assunto por quase uma geração, nós descubrimos que, antes de mais nada, a diferença não era algo pessoal. Não era eu e nem era minha esposa. Eram todos os russos e todos os anglo-saxões que sentiam de forma divergente. Eu alertei que deveríamos olhar melhor o assunto para vermos porque era desse jeito. Nós estudamos isto durante vinte anos; e aí por volta de 1939 nós sentamos para discutir se deveríamos seguir adiante ou não. Nós estávamos muito ocupados tentando ganhar a vida. Minha mulher era então pediatra. Seu trabalho era constantemente interrompido por causa das viagens comigo. Eu fui mandado pelo banco para a Argentina para ficar por um ano, e fomos juntos, naturalmente, já que o banco era minha vida. Mas eu não estava tão certo disso como era antes. Estávamos trabalhando duro e não queríamos mais perder tempo com os cogumelos. Mas se havia algo importante no assunto, nós decidimos continuar. Então, em um encontro no final dos anos 30, descobrimos que cada um tinha um segredo mas que por timidez nunca contamos um para o outro. E o segredo era que a religião estava por trás disto tudo, atrás dos que odiavam cogumelos, dos que tinham medo dele, e por trás daqueles que os amam, assim como fazem os russos.

Até que ponto você acha que esta diferença é devido ao potencial efeito alucinógeno de alguns cogumelos?

Você se refere ao potencial enteógeno, não?

Você poderia elucidar a distinção?

Sim. "Alucinógeno" significa "uma mentira". Alucinação não é nada. Eu não gosto da palavra. Eu não acho que deveria ser usado. "Enteógeno" é uma palavra muito melhor. Um comitê que eu fiz parte, chefiado pelo professor Carl Ruck, um acadêmico clássico da Universidade de Boston, inventou esta palavra e todos nós adotamos de forma unânime no lugar de "alucinógeno" para aquelas plantas reverenciadas pelo homem antigo pelo seu potencial, pela sua habilidade de impor respeito. Amanita muscaria é o principal fungo enteógeno, mas o Psilocybe genus também tem propriedades enteógenas. "Enteógeno" significa simplesmente "Deus gerado dentro de você!".

Entao "alucinação" implica em algo falso ou não-real?

Sim. Tudo bem para o Tim Leary e para o seu grupinho, eles podem usá-lo, mas é uma palavra gasta, "alucinação". Não é alucinação que você experimenta quando consome cogumelos que produzem visões e que falam com você.

Até que ponto você acha que esta micofobia e micofilia são devidas às propriedades enteógenas de alguns cogumelos?

Bem, eu acho que é devido a isso. Você discorda de mim?

Não, eu acho que poderia ser outro exemplo da grande ambivalência que vemos com relação ao sagrado ao longo da história. Há uma grande atração com o sagrado e muito disto se converte em tabu. Por quanto tempo você esteve envolvido com a micologia antes de você ir atrás dos cogumelos sagrados do México?

Em 1952 nós recebemos um recorte de jornal de Robert Graves, que encontrou na redação do jornal Ciba, em Nova Iorque. Falava sobre a descoberta de um culto ao cogumelo no México. Os frades que acompanharam os conquistadores no México relataram este culto. Embora não falassem muito, foram muito breves, o que eles diziam era muito bom, muito confiável; tão bom quanto você poderia imaginar daquela geração, já que não havia micologia naquele tempo. Eles não sabiam distinguir um cogumelo do outro.

DEBORA HARLOW: Sr. Wasson, você disse que foi em 1952 que você recebeu esta informação do Sr. Graves, mas foi em 1939 que você e a Sra. Wasson tiveram este pressentimento sobre os cogumelos. De onde veio este pressentimento?

Bom, veio atraés de nosso estudo sobre cogumelos desde 1927. Tivemos algumas dicas de práticas asiáticas de ingestão de Amanita Muscaria. Infelizmente, nós não temos palavras para expressar este cogumelo em inglês. É um cogumelo sem nome em inglês. Nós nos privamos do privilégio de falarmos sobre ele de forma familiar. Nós temos que usar o nome científico Amanita muscaria. Eu acho que isto é um reflexo da nossa antipatia a todos os cogumelos, e particularmente ao Amanita muscaria, que é um ótimo cogumelo e ainda não foi estudado exaustivamente!

RF: Você ou sua esposa eram religiosos antes de iniciarem suas buscas?

Não, nós não éramos religiosos. Eu, particularmente, não sou religioso ainda. Mas religioso, bem, um pouco. Meu pai foi um clérigo episcopal.

Então este era um hobby que você estava envolvido?

Nós não consideramos um hobby. Nós não teríamos empenhado tanto tempo assim se fosse um hobby. Mas, de alguma maneira, manuseávamos o assunto com a mão esquerda. Ela estava ocupada tentando seguir adiante com a medicina, e eu estava primeiro trabalhando no jornal e depois na área financeira.

Você se desfez do seu medo de cogumelos bem cedo, não?

Ah sim, minha esposa ganhou esta batalha.

Você tem lido a respeito da existência do cogumelo divino?

Com o tempo temos aprendido sobre os viajantes do leste siberiano nos séculos XVIII e XIX; eles encontraram esta prática. Eles ficaram perplexos e com aversão dos "nojentos" homens das tribos paleo-siberianas e depreciaram sua cultura, e naturalmente, a prática de comer cogumelos e ficar em um estado de "intoxicação" que eles imaginavam.. Mas alguns dos observadores eram muito talentosos e seus relatos foram de grande valia quando lidos com cuidado. Os nativos disseram que depois de tentarem o álcool eles preferiam o cogumelo. Não havia a ressaca que a bebedeira te dava, e eles acharam bem melhor. Ninguém prestou atenção nisto. Muito complacentes seriam os europeus em acreditar que estavam fazendo um favor a eles apresentando-lhes o álcool.

Entao a sua primeira evidência de um cogumelo sagrado foi o Amanita muscaria na Sibéria?

Sim, aquilo foi a primeira coisa que ouvimos. Aí depois eu encontrei o Amanita quando eu comecei minhas viagens após a morte da minha esposa em 1958. Claro, nós viajávamos juntos ao México todo ano nos anos 50 e todas as nossas desobertas foram feitas neste período. Mas eram tipos diferentes de cogumelo.

Entao, depois do México, eu quis saber o que estava acontecendo na Ásia. Então, quando eu me aposentei em 1963 – tão logo eu me aposentei – na mesma noite eu voei para São Francisco e embarquei em um cargueiro que me levou para Auckland, na Nova Zelândia. Aí eu fui para a Austrália, Nova Guiné, e finalmente para a Índia. Na Índia eu conheci o Rig Veda e comecei a ler a respeito. A nona mandala é totalmente destinada à planta sagrada soma, e foi aí que eu resolvi cuidar do verdadeiro negócio.

Antes de mais nada, eu pedi para o professor Ingalls, de Harvard, para recomendar alguém, um estudante da graduação, que poderia me ajudar em questões a respeito do sânscrito. Ele disse que havia uma garota, Wendy Doniger O'Flaherty, que poderia ser ótima em me aconselhar. Mas não valia a pena perguntar porque ela recusaria. Ela era "tão cheia de vida", ele disse. Mas eu disse, "por que você não deixa ela decidir?" E ela aceitou de primeira! Com entusiasmo, embora nunca me conhecesse. De qualquer forma, nós acertamos em cheio. Nossas correspondências eram ótimas. Ela estava em Cambridge, Massachusetts, e eu na minha casa em Nova Iorque e mais tarde, depois de ter conseguido seu PhD em Harvard, ela foi para Oxford onde se graduou novamente em estudos sânscritos e agora é professora da Universidade de Chicago.

Antes de irmos muito longe na questão do soma, eu gostaria de perguntar-lhe mais sobre suas experiências no México. Qual era sua atitude quando você estava indo para lá? Às vezes os ocidentais têm uma atitude condescendente a respeito das tão faladas culturas "primitivas". O que você estava pensando quendo aprendeu sobre o cogumelo mexicano e onde você estava indo para descobri-lo?

Eu acho que a atitude de muitos americanos, especialmente antropólogos – não quero dizer nada tão severo, mas eu encontrei alguns, muitos deles jovens – que pensam que religião não é uma matéria de estudo. Eles não se interessam e não se questionam sobre. Há muito mais coisas que interessam mais eles. Relações de parentesco. Eles irão despender o tempo que for preciso para saber com quem você pode se casar e com quem você não pode se casar; e outros assuntos fúteis como este. Mas quanto a religião, isto não existe pra eles. Eles também depreciam os missionários que podem andar na sua vizinhança. Crêem que adotam uma atitude completamente equivocada. Claro que os missionários estão tentando converter os nativos e às vezes de forma não muito sábia, creio eu. Mas quando eles são sinceros, aprendem qual é a atitude do nativo a respeito da religião. Isto os interessam muito, enquanto que os antropólogos não consideram isso uma área de estudo. Eu me sinto completamente simpático com os missionários. Eles, os missionários inteligentes, aprenderam a atitude do nativo acerca da religião e não desmereceram a religião local.

Gastamos um esforço enorme para publicar nosso livro, Maria Sabina e a sua velada do cogumelo mazateca, esforço sem fim! com o Cowans, George e Florence Cowan – eles eram missionários lá. Por quinze anos nós trabalhamos neste texto para publicá-lo. Tínhamos que tirar da minha fita em mazateca e soletrá-lo de uma maneira que Cowans e seus associados haviam desenhado para escrever esta linguagem não-escrita, e publicá-lo, linha por linha, em espanhol, inglês, e mazateca; colocando a página da esquerda em mazateca, e linha por linha, as outras línguas. Gastamos um esforço sem fim! E não havia me dado conta que isto não causou reação em ninguém! Mas estou orgulhoso deste livro da mesma forma que sou de qualquer outro que escrevi. Está disponível em duas edições. Uma é a cara com as gravações, a outra tem fitas cassete acompanhando.

Então sua atitude de ir pro México foi uma atitude apreciativa?

Eu fui pra lá pra ver como o culto era, desejei aprender sobre ele e não queria ignorá-lo.

Você reportou que Maria Sabina lamentava a divulgação do segredo do cogumelo a você porque muitos outros estrangeiros seguiram...

Não só estrangeiros, mas mexicanos também chegaram para explorar. Os mexicanos poderiam ter aprendido a respeito disto por si próprios, nos relatos dos frades do século XVI, que são fascinantes. Aqueles velhos frades! Alguns deles eram fanáticos, mas outros eram boas pessoas.

Você ficou sabendo deste culto através de Robert Graves?

Sim, ele me mandou o recorte de jornal do Ciba e também através de Richard Evans Schultes, que publicou dois artigos (Schultes 1939, 1940) que eu li em 1952. Ele publicou em 1939 – alguns anos antes – mas então tudo foi engolido pela guerra. Ele foi pra amazônia.

Quando você e a sra. Wasson foram ao México?

Em 1953 nós participamos de uma velada, como é conhecido em inglês. Uma "vigília da meia-noite", é o que significa, ou, uma "vigília à noite". O cogumelo é tomado somente a noite. Você não fala sobre ele em espaços públicos ou em companhia de outros. Você fala sobre isso somente quando está em casa a sós com o anfitrião ou alguma outra pessoa próxima. É a forma pela qual você conversa com ele. Este era o desapontamento de Maria Sabina. Havia muitas pessoas que tomaram conhecimento disso e tornaram comum. As pessoas se comportaval mal em sua velada. Eles bebiam álcool. Pense nisto! Bebendo álcool e comendo cogumelos ao mesmo tempo! Chocante! Mas não é por isso que me oponho ao álcool.

O que foi uma contribuição magnífica para a antropologia, para a história das religiões e uma grande realização para a sra. Wasson e você; acabou se tornando para vocês uma grande tristeza.

Sim. Bem, nós tínhamos previsto isso. Nós dissemos que queríamos dar a isto uma descrição mais digna possível que merecesse, e fizemos. Eu escrevi um artigo na Life (Wasson 1957) que foi restringido.

Embora Maria Sabina possa ter pensado que a velada foi arruinada devido à invasão dos brancos, se vermos por um outro lado podemos concordar que o cogumelo foi tirado da escuridão. Muito mais pessoas tem a oportunidade de aprender sobre eles.

Sim, claro. Inevitavelmente eles teriam desaparecido. Todo o ritual teria desaparecido, e poderia ter desaparecido sem ser noticiado. Foi a maneira que ele pode ser preservado por nós para a eternidade.

Nesta época você começou a se associar com o dr. Albert Hofmann, que lhe contactou para identificar os psicoativos contidos nestes cogumelos.

Sim, é isso mesmo. Foi Roger Heim, diretor do Museu National d'Histoire Naturelle. Ele teve anteriormente contato com Albert Hofmann. Quando Heim não teve sucesso em analisar o cogumelo em Paris, ele o mandou para Albert Hofmann. Ele esperava há tempos consegui-lo. Se perguntava como ele poderia me contactar para fazer o trabalho químico. Acabou se tornando um trabalho muito mais simples que o esperado, porque as substâncias do cogumelo são parecidas com as do ergot.

Eu entendo que a CIA estava certa ao seguir seus passos no México. Você poderia dizer mais sobre o que eles estavam interessados?

Bem, eu não direi nada muito forte ou interessante. A CIA pensou que eles seriam capazes de aplicar isso na guerra e queriam investigá-lo. Eles me ligaram e me perguntaram se eu poderia trabalhar para eles, eu disse, "Me dêem um dia para pensar a respeito". Eu liguei no dia seguinte e disse que não o faria. Isto amarraria minhas mãos, uma vez que eu não poderia falar mais. Então eu disse que não. Eu sabia muito mais que eles a respeito disso. Aí então eles colocaram no meu caminho um homem, químico, da Universidade de Delaware. Ele veio a mim dizendo representar uma fundação na West Virginia, a Fundação Geschickter, e disse que queria ver estes cogumelos e ir ao méxico para ver como funcionavam. Disse que se eu levasse ele junto com meu grupo me ajudaria a financiar a viagem. Bem, isto era muito importante para nós porque estas viagens carecem de financiamento. Eu disse, "tudo bem, nós o levaremos". Então o levamos, embora ele não tivesse conquistado muito êxito na viagem. Isto foi escrito mais tarde em um livro sobre a CIA, do John Marks (1980). Ele dedica um capítulo para este episódio na história da CIA.

Pouco depois você e o dr. Hofmann fizeram outra viagem ao México, desta vez com cápsulas de psilocibina sintética feitas por ele.

Sim, em 1962.

A Maria Sabina disse que aquelas cápsulas continham "o espírito do cogumelo", e que agora ela seria capaz de conduzir o ritual quando não houvesse cogumelos disponíveis.

Sim, ela entrou um pouco em contradição. Ela era muito severa, e com razão, com o grupo de pessoas no seu vilarejo; eram mal agradecidos e desrespeitavam todo o ritual. Mas, por outro lado, ela nunca deixou de ser simpática ao me receber e de me cumprimentar como um amigo.

Você já tomou psilocibina sintética?

Sim, já tomei.

Havia alguma diferença?

Eu não encontrei nenhuma diferença. Eu acho que as pessoas que encontram alguma diferença estão procurando por ela, elas imaginam que vêem uma diferença. Mas eu não sou uma autoridade nisto. Eu não pretendo ser a última palavra.

Depois do México você voltou sua atenção para a questão do soma, o elixir védico da imortalidade.

Exatamente.

No seu livro, Soma: O cogumelo divino da imortalidade (Wasson 1969), você argumenta convencido perante muitos estudiosos e indologistas que o soma era o Amanita Muscaria (Smith 1972:4).

Sim, mas não perante todos. John Brough me mandou uma crítica severa (Brough 1971), mas muito educada, me dizendo resumidamente em trinta páginas. É claro que para mim, um simples curioso no assunto, receber uma resenha de trinta páginas do professor John Brough, da Universidade de Cambridge, era, de certa forma, um tipo de elogio. Eu publiquei minha resposta para Brough no ano seguinte, em 1971, nas minhas séries publicadas pelo Museu Botânico de Harvard (Wasson 1971).

O jornal que publicou a resenha do Brough não aceitou a sua resposta?

Eu não esperei que eles aceitassem e eles realmente acabaram não aceitando. Disseram que não tinham espaço para tal. Eles publicam somente suas próprias resenhas, não respotas. E o professor Kuiper, um holandês, publicou uma resenha diferente (Kuiper 1970). Houve outros.

Eu ouvi dizer que você mudou sua opinião. Esta é ainda sua posição, que o soma foi o Amanita muscaria?

Não! Você ouviu algo diferente, foi um engano. Claro que era o Amanita muscaria. E mais, descobrimos que o Amanita muscaria foi o cogumelo sagrado dos maias – o Quiche dos maias que deixou o Popul Vuh. O calkulha é o Amanita muscaria, o significado de calkulha – seu significado principal – é um raio muito luminoso acompanhado por um potente trovão. Você consegue imaginar esta metáfora poderosa? Isto eleva o cogumelo ao alto dos céus.

Como a mitologia maia se assemelha com os vedas?

Bem, os dois poemas têm pelo menos duas expressões que significam a mesma coisa. O termo "uma perna" é o mais importante nestes dois poemas. Aja ekapad no poema asiático e hurakan no quiche, eles significam a mesma coisa. Ambos significam soma. Não há nenhuma dúvida. Alguém poderia discutir que sobre ekapad ser soma mas em quiche eles se referem ao soma e ao hurakan como a mesma palavra.

Você acha que é possível ter existido mais de um soma? Há outra idéia defendida por David Flattery em Berkley que o soma era Peganum harmala (Flattery 1985). O que você acha disto?

Isto é um absurdo, somente isto. Esta planta não lhe eleva ao estado de êxtase.

Mas alguém poderia desafiar sua teoria por este ponto de vista. Aparentemente, o Amanita muscaria não te eleva ao estado de êxtase.

Bem, eu sei. Isto me deixa confuso também. Eu não sei dizer, mas deve haver alguma explicação. Que eu saiba, nenhum homem branco desfrutou de um estado de êxtase a partir do Amanita. Agora há ocasiões. Nós experimentamos ela na temporada do Amanita Muscaria em outubro, nas montanhas ao norte de Tóquio, no Japão, durante dois anos consecutivos. Para nós, quatro micologistas, três deles japoneses, e eu o único que não era. Nós tentamos três dias consecutivos em dois anos seguidos – o que deu seis vezes – e não tivemos nenhum resultado, exceto um, no último dia, que não havia dúvida de seu êxtase. Seu estado de consciência era de alegria, felicidade. Ele estava simplesmente... Nós não o reconhecíamos. Ele disse, "isto é tão maravilhoso, é realmente extraordinário. De forma alguma é igual ao álcool, álcool não é assim". Ele falou em japonês, claro, mas traduziram pra mim.

DH: Houve alguma coisa diferente aquele dia ou a maneira como o cogumelo foi preparado?

Bem, a maneira que foi preparado foi com uma lâmpada que cada um de nós tínhamos, e os secamos. Veja, era na temporada e nesta época o cogumelo está fresco, e sabíamos que ele ficava cinco vezes mais forte secando-o. E uma vez que não estávamos lá por um tempo para secá-lo, usamos estas lâmpadas. Segurávamos ele bem perto delas, mas não o suficiente para cozinhá-lo. Nossas mãos poderiam ficar facilmente no calor, e secamos por vinte ou trinta minutos até que ficasse realmente seco, mas não queimado, ou cozido. Tínhamos cuidado nisto, ele também. O que ele fez de diferente do resto de nós? Não sabemos se houve alguma diferença, mas ele teve uma ótima experiência. Por outro lado, quando voltou para sua casa e disse à sua mulher, ela o fez prometer que nunca mais faria isso na vida.

RF: Você já se correspondeu alguma vez com Mircea Eliade a respeito de cogumelos (NT: historiador romeno que dedicou parte de seus estudos ao xamanismo e à mitologia)? Ele nunca respondeu publicamente o seu trabalho, seja de forma crítica ou não. Geralmente, o seu tratamento com este assunto têm sido bem fraco e algumas vezes negativo. embora tenha mudado alguma coisa a respeito de primeiros trabalhos como Xamanismo (1951) e Imortalidade do Yoga e Liberdade (1954), onde, como você sabe, se refere a "intoxicação por cogumelos" como "decadente".

Sim, eu escrevi sobre isso no Soma. Você sabia?

Sim; e sabia que no primeiro volume de História das Crenças e das Idéias Religiosas ele diz que o principal significado do soma era o desenvolvimento de todas as formas subseqüentes de misticismo indiano? Ele diz que todas elas evoluíram para substituir a bebida original (Eliade 1978). É uma afirmação diferente em relação a seus primeiros trabalhos. Você tem se comunicado com ele?

Não, nós não temos nenhum tipo de comunicação. Tenho perguntado a Wendy a respeito dele e ela me disse algumas coisas, mas eu não me comunico com ele. Ele não excreve pra mim e eu não escrevo pra ele.

Eu tive uma experiência bem interessante com ele em junho. Ele foi meu professor em Chicago. Tivemos algumas conversas a respeito de substâncias sagradas e sobre a história da religião, e sempre me encorajava a aprender mais a respeito. Finalmente, eu pedi a ele se ele poderia resumir seus pontos de vista porque ele não tinha dado um tratamento adequado, embora seja central em todo seu trabalho. Ele finalmente concordou com uma entrevista e arranjamos um tempo. Quando a hora chegou, algo muito inesperado aconteceu. Eu me lembro de nossa conversa palavra por palavra.
Quando eu cheguei em eu escritório ele parecia um pouco confuso e muito cansado.


Citação:
Mircea Eliade: Eu não posso te receber hoje.
RF: Algo errado, professor?
Mircea Eliade: Estou deprimido. Não consigo pensar direito.
Pensei que se começássemos a entrevista ele poderia se animar. Então disse a ele:

Citação:
RF: Há muitas pessoas no mundo que poderiam ser beneficiadas com o ensinamento de suas opiniões a respeito de plantas sagradas.
ME: Bem, eu não posso falar sobre isso.
Eu estava realmente desapontado. Eu tinha trabalhado duro preparando uma boa lista de questões para ele, pois era uma parte importante de nosso livro, então eu disse:

Citação:
RF: Professor, você sempre relutou em abordar esta questão e isso me deixa surpreso, porque é o centro de todos os seus interesses: alquimia, mitologia, xamanismo, yoga, secularização contemporânea, metodologia de estudos religiosos... Uma vez você disse que era porque este era um assunto controverso, mas é você que sempre tem sido controverso.
ME: Sim, eu sei. Mas eu não sei nada a respeito disso.
Isto me deixou surpreso também. Eu tinha digitado vinte páginas de citações de somente alguns de seus livros pertinentes à plantas sagradas ou elixires na historia da religião.

Citação:
RF: Você não sabia nada sobre xamanismo quando começou a estudá-lo.
ME: Bem, estou muito velho agora. Não posso começar algo novo. Agora, por favor, saia. Eu tenho que descansar.
Então eu resolvi sair, e enquanto eu me levantava eu disse,

Citação:
RF: Diga-me, professor, é o assunto, ou algo sobre este assunto, que te deixa tão mal assim?
ME: (mexendo as mãos) Sim... não... bem... sim! (e aí de modo enfático) Eu não gosto destas plantas!
Sério? Ele disse "eu não gosto destas plantas"? Você está autorizado a publicar esta entrevista com o Eliade?

Enquanto eu estava saindo ele me perguntou se eu voltaria no outono. Eu disse que voltaria, se ele estivesse lá, e quando eu sugeri para fazermos a entrevista ele pareceu aprovar a idéia. Eu acho que ele quer que eu pense mais a respeito delas por mim mesmo. [Mircea Eliade morreu em abril de 1986]

Ele está com que idade?

Setenta e oito. Ele não tem estado muito bem. Ele tem uma artrite muito severa. Suas mãos estão todas enfaixadas.

Isto é terrível.

Ele tem admitido a importância deste assunto. Ele menciona Aldous Huxley (Eliade 1977) indicando que teria muito mais a dizer a respeito deste assunto, que eles podem ser parte da solução frente aos problemas da secularização contemporânea.

Ele nunca me mencionou.

Que eu saiba, não. Mas ele disse que A estrada para Eleusis (Wasson et al. 1978) estava na sua lista de leituras para o verão.

DH: O que você acha desta sua reação?

Eu acho muito interessante. Ele abre totalmente este assunto. Me parece que ele está admitindo que tem algo que ele deixou de olhar.

RF: Duas semanas antes da nossa curta entrevista, em uma recepção em honra da criação da cadeira de Mircea Eliade na faculdade de história da religião da Universidade de Chicago, um de seus alunos antigos, em honra a seu antigo professor, disse que em uma ocasião Eliade cancelou sua aula para que os estudantes pudessem ir ver um homem que iria fazer uma palestra sobre plantas psicodélicas e sagradas. Isto foi um exemplo de como Eliade valorizou assuntos atuais e encorajou seus alunos a explorar temas pouco discutidos.

Quem era ele?

Larry Sullivan foi aluno do Eliade. [Sullivan está atualmente na Harvard Divinity School Faculty]
Eu tenho pensado muito sobre a hesitação do Eliade em abordar este assunto de forma franca, pensei que poderia ser devido a um esforço da sua parte em manter estas plantas como sagradas. Ou talvez ele tenha uma aversão bramânica inerente à estas coisas nos seus primeiros anos como yogi na Índia. Quem sabe? Talvez ele estava tentando não se equivocar da mesma forma que você fez, expondo-as para fora de um contexto sagrado. Este é um problema interessante. Na Grécia Antiga, por exemplo, o que você fazia poderia ser punido com a morte. Divulgar o segredo dos Mistérios era explicitamente proibido.


Por morte sim, mas sempre havia uma escapatória.
Em 415 a.C. houve revelações chocantes de sessões privadas nas casas de vários cidadãos que imitavam os Mistérios Eleusianos. Em qual tom de voz eles faziam, ou se era feito de modo ridículo ou com respeito, eu não sei. Ninguém sabe, mas eles imitavam. Alkibiades foi uma destas pessoas que foi retirado de sua posição de comando em Siracusa e foi enviado a Esparta. Este foi um grande episódio – um grande episódio!

Esta foi sua grande contribuição seguinte, que é, sua colaboração com Albert Hofmann e Carl Ruck no A Estrada para Eleusis. Seu livro mostra que a mística poção dos Mistérios, o kykeon, pode muito bem ter sido uma bebida enteógena derivada do ergot, contendo amidos do ácido lisérgico.

Sim, exatamente.

Este livro foi criticado por alguém?

Eu não vi ele sendo criticado em nenhum evento importante. Eu tenho visto ele criticado em alguns jornais. Mas eram apenas reportagens sobre o livro; eles não estavam aptos para criticá-lo.

Este livro foi criticado por acadêmicos?

Não. Mas ele foi amplamente aceito.

Se você estiver correto a respeito do kykeon em Eleusis, há profundas implicações em consideração à fundação da nossa sociedade.

Claro, eles só íam lá uma vez. Uma pessoa poderia ir até lá somente uma vez, e isso produz um fator. Por causa de sua perplexidade e reação, e aquilo poderia ser o fim. Eles não retornavam denovo e denovo como faziam os índios no México.

Você já tentou reproduzir este kykeon?

Não.

Você já experimentou LSD?

Não.

Há uma pintura de Titian, feita em 1522-23 chamada O Bacanal. Você conhece?

Não, não conheço.

Bom, é uma pintura muito interessante. Reproduz uma cena dionisíaca. Há um grupo que aparece em uma situação de quase êxtase. No meio da pintura, há uma criança, um garotinho. Ele está com seu pênis de fora e está urinando no rio. Abaixo da correnteza e do garoto, há alguém com uma jarra colhendo a água do rio e está sendo servido em copos para os participantes beberem. Logo aparece um escrito dizendo, "Aquele que bebe e não bebe mais, não sabe o que é beber." (Williams 1968:90)

Eu não vi a pintura, mas já estou encantado. Chama-se O Bacanal? Há muitos livros sobre Titian ultimamente. Eu gostaria muito de ver esta pintura. Onde está ela?

No Prado.
Sua investigação mais recente é a respeito da última refeição do Buda (Wasson 1982). Você diz que a última refeição de Buda pode ter sido um prato de cogumelos chamado putika, e isto ajuda a estabelecer a identidade do soma.


Eu disse que era, e não que poderia ter sido. Este era o putika.

E como isto ajuda a identificar o soma?

Ajuda muito visto que este prato é de cogumelos. O fato de ser de cogumelos é um forte argumento a favor do soma ser um cogumelo (Wasson 1982). Mas nós temos tantas evidências agora do Amanita muscaria ser o soma que isto é apenas um fator adicional. Quando eles falam aja ekapad, "o pé único não nascido". Aja, "não nascido"; por quê "não nascido"? "Não nascido" porque não há semente. Todas as plantas e todos os animais, incluindo o homem, germinam de uma semente. Eles sabiam disto, e nós sabemos disto. Isto significa "não nascido a partir de uma semente". Significa que pertence a um pequeno grupo de elementos que não têm semente. Os cogumelos estão entre os pictogramas. Os criptogramas são a classe que não têm semente, e os cogumelos são obviamente o elemento entre os criptogramas. Agora isto é bem conclusivo. Era um cogumelo. Temos muitas outras evidências a respeito.

Eu sempre me perguntei como seus colegas bancários reagiam com as suas aventuras com cogumelos.

Bem, eles eram muito interessados. Nenhum outro banco em Nova Iorque teria permitido isso, mas, bem, eles não sabiam de nada a respeito do que eu estava fazendo quando estava indo ao México, até que meu artigo apareceu na Life e aí ficou conhecido. Eu perguntei a Henry Alexander, o presidente do banco, se havia alguma objeção, ele disse que não. Eu fiquei aliviado, porque não queria deixar o banco.

Você acha que teria chegado a este ponto?

Claro que sim, com certeza.

A esta altura você sentiu que estava em um caminho mais profundo.

Sim, exatamente.

Eu quero fazer outra pergunta a respeito da Maria Sabina. Em um livro sobre sua vida (Estrada 1981), a Maria Sabia diz que antes de você, ninguém tomava cogumelos somente para encontrar Deus. Eles eram sempre tomados para do doente sarar, ou para se ter notícias a respeito de uma pessoa querida que estava ausente, ou por outras razões.

Quem fez a tradução?

Henry Munn traduziu pro Inglês.

Mas Henry Munn não sabe mazateca.

Ele traduziu do espanhol para o inglês. Quem traduziu do mazateca para o espanhol foi o Alvaro Estrada.

Ah, sim. O Alvaro Estrada dedicou sua vida ao mazateca. Ele é um indio mazateca, e é um livro maravilhoso. Eu não gosto da tradução inglesa. O Henry Munn cresceu neste país e foi ao Bowdoin College, logo se perdeu, viajou sem parar e depois escreveu um milhão de palavras – mais que isso – sobre suas experiências enteógenas. Ele fala demais.

Ele é um contador de histórias. Você acha que foi uma má tradução?

Sim. Aquilo tudo não parece ter saído de Maria Sabina.

Quando você lê sua história no livro, você pode ver as coisas ruins que ela passou na vida. Teve muita violência na sua vida e há muitos problemas com o álcool onde ela viveu.

Sim. Bom, seu filho foi assassinado e um de seus maridos batia nela sem dó. O outro era um velho beberrão irremediável. Quando visitamos ela pela primeira vez, ela estava se recuperando de um tiro de pistola. Ela ainda passou por mais. Ela era uma xamã.

DH: Como diz o velho ditado? "Alguns maridos guiam suas esposas para o caminho, outros as levam até lá."

RF: Como ela conciliava a sua vida de xamã sob condições tão difíceis...?

Como uma sábia. Como eles explicam no livro, há três níveis. O mais baixo é o bruxo, o qual ela menciona com reservas. Ser bruxo significa que você não sabe muito. Há o nível de curandeira, e então o nível de sábia.

DH: Agora, se eu entendi você direito, você estava dizendo que alguém nasce nestes diferentes níveis de acordo com a "idade da sua alma" ou de uma capacidade inata de entendimento?

Sim, correto. Você nasce nestes três níveis diferentes. Claro, é o mesmo que na Índia.

RF: Você estava dizendo que Henry Alexander, chefe do banco, estava muito entusiasmado com isso.

Sim, e por isso, me abriu caminho para toda a instituição.

Havia colegas de banco entusiasmados o suficiente para tomar cogumelos com você?

Não, nenhum. Eu não associava eles com nenhuma de minhas investigações com cogumelos. Nenhum. Eu nem tentava. No almoço eles me perguntavam, tentavam me tirar do sério perguntando sobre minhas experiências no México. Mas eu só falava sobre finanças.

Por quê você não queria falar a respeito?

Eu não queria me envolver em tentar educar pessoas que eram completamente ignorantes no assunto. De modo algum, eu não queria isso. Eu posso ter errado. Talvez eu poderia ter tentado converter todos. Poderia ter sido uma fonte de revolução em Wall Street!

Algum de nós já tivemos esta fantasia – levar o mundo financeiro para a experiência enteógena – então eu queria perguntar como suas experiências com cogumelos mudaram sua visão de mundo.

Só Deus sabe. Como mudou minha visão de mundo? Eu terei que perguntar a alguém para dizer a você como era minha visão de mundo antes e como é agora. Eu não sei como é minha visão de mundo se você me perguntar isso agora.

Banqueiros geralmente têm diferentes pontos de vista em relação àqueles que exploram enteógenos. Eles costumam ser mais materialistas, seculares. As pessoas e culturas que usam tendem a ter motivações diferentes.

Você pode estar certo, mas eu não me preocupo com estas questões. Eu apenas questiono a mim mesmo.

As experiências com cogumelos mudaram a maneira como você pensa a respeiro da vida após a morte?

Não, de maneira alguma. Eles não tem nada a ver com isso.

Você diz no A Estrada para Eleusis que estas experiências podem nos ajudar a entender as idéias de Platão a respeito do mundo das formas, do mundo ideal...

O Platão tomou o kykeon em Eleusis e teve uma experiência. Ele disse dessas formas - "idéias" como ele chamou – em outro mundo e ele disse que tudo tem um arquétipo em algum lugar, em outra esfera. Eu acho que ele pegou isso de sua experiência em Eleusis, mas não se pode assegurar. Seria ilegal revelar os segredos. Ainda, as sacerdotisas não podiam fazer nada contra ele sem que estes se tornassem uma fonte de conhecimento público dos Mistérios.

Muitas pessoas que se interessam neste assunto pensam que é de suma importância revitalizar a religião renovando o senso de sagrado na nossa sociedade. O que você acha disso?

Eu não gosto de tratar de assuntos imensos como este. Eu tenho meus próprios pensamentos, mas não vale a pena serem repetidos. Não gosto de discuti-los.

DH: O que você acha da importância do seu redescobrimento do cogumelo? Há importância na religião? Qual o significado que isso tem para a cultura, ou poderia ter?

Ah, não, é outra questão grande. Vocês dois são capazes de manusear isso, de respondê-las... Mas eu sou incapaz de pensar a respeito destes assuntos mundiais. Eu apenas me desconecto e deixo que as coisas sigam o seu rumo da maneira que bem entenderem. Fico com vergonha em adimitir que eu não lido com essas coisas de maneira magistral, como o regente de uma orquestra. Eu não faço isso.

RF: Você poderia comentar o trabalho de John Allegro a respeito da origem do cristianismo?

Eu acho John Allegro um homem brilhante. Ele tem origem judaica, é um judeu italiano que foi morar na Inglaterra. Em Oxford, foi líder do círculo linguista, e foi um dos linguistas mais promissores, e como resultado ele foi designado ao grupo que investigava os pergaminhos do Mar Morto como um dos representantes da Grã Bretanha. Isto foi uma honra, ele escreveu um dos primeiros livros sobre os pergaminhos do Mar Morto (Allegro 1956). Este livro vendeu mais de um milhão de cópias e se tornou desatualizado por outros livros. É um trabalho sólido que deve ser estimado. Depois ele foi para a Manchester University.

Fiquei sabendo dele através de amigos na Suécia, que me escreveram perguntando, "Quem é este cara, Allegro, escrevendo a respeito de cogumelos? Ele nunca menciona você, mas ele está escrevendo sobre cogumelos e está nos questionando sobre." Eu não o conhecia até este momento, mas era alguém que estava trabalhando, Allegro, era seu nome e não tinha nenhum tipo de publicidade.. Então, junto com seu livro, O Cogumelo Sagrado e a Cruz, cometeu o erro imperdoável de vender o manuscrito ao The News of the World! O The News of the World é um periódico infame que só sai aos domingos na Inglaterra. É como se fosse aqui o National Enquirer – um periódico sem nenhuma reputação. Ele vendeu por trinta mil libras, quando a libra valia mais do que agora. Ele vendeu a eles e, na semana seguinte, eles colocaram partes do manuscrito em oito colunas com uma manchete na primeira página: "Jesus é somente um pênis!"

Seus colegas em Manchester... Embora tinham a segurança de sua profissão na Inglaterra, isto eles não podiam aturar. Eles tiveram que se livrar dele. Ele se retirou para a Isle of Man, uma ilha rural. É um lugar adorável. Eu adoraria passar o resto dos meus dias lá. Tão maravilhoso como aqui. Eles falam manx. O manx é uma língua gaélica, como o irlandês, welsh e o gaélico na Escócia. Há apenas algumas centenas de pessoas lá. De qualquer modo, eu tinha o seu endereço, e escrevi uma carta a ele depois que ele foi pra lá, eu disse, "Eu gostaria de me corresponder com você, se você quiser me contactar." Eu nunca tive resposta dele.

Você poderia comentar seu livro?

Sim, claro. Eu acho que ele lançou conclusões comprometedoras sobre evidências pouco sólidas. E quando você comete confusões a respeito ao hebraico, ao grego, ao sumério, isto é inaceitável para qualquer linguista. A linguagem suméria não é mãe de nenhuma língua e ninguém sabe de onde veio. Era falado na embocadura do Eufrates e ao redor do golfo da pérsia. Era falado lá, e se tornou uma língua oficial para se registrar, documentos eram mantidos nesta língua, escrito em cuneiforme por um longo período. Na cultura acádia, por alguns séculos, foi a língua oficial, como escrever em latim na inglaterra durante a Idade Média. Mas não como a língua mãe do hebraico ou grego, não se pode acreditar nisto.

Ele não falou a respeito do registro de cogumelos no Egito?

Eu acho que sim. Mas ninguém sabe qual palavra era usada no Egito para o cogumelo. Há várias palavras botânicas no antigo Egito que nunca foram identificadas e talvez ela esteja entre elas. Provavelmente está, pois há cogumelos no delta do Nilo em algumas estações, muitos deles.

Quais são suas impressões a respeito sobre o que aconteceu na cultura dos anos 60 a respeito do tratamento dos jovens a da mídia sobre os psicodélicos?

Bem, eu não me sinto muito bem a respeito disso, eu não aprovo.

Você esteve envolvido de alguma forma com as pesquisa do Timothy Leary em Harvard?

Não, eu não estava! O Timothy Leary veio a Nova Iorque com seu amigo Alpert e me telefonou da avenida One East End em caráter de urgência, com todo o seu poder de persuasão, para me juntar a eles para dirigir uma nova religião em Millbrook.

Era a Liga para o Descobrimento Espiritual?

Eu acho que sim. É claro que eu recusei me juntar a eles. Eu não poderia fazer nada mais além disso. Eu não fico feliz em ter negado este pedido, porque Timothy Leary foi um... não me agrada saber que isso vai ser gravado, mas eu considero ele um egoísta de primeira classe. E ele queria que eu me tornasse um. Ele poderia ter feito um grande show de mim, uma exibição; mas eu seria somente um objeto de atenção. Eu não teria nada a dizer. Puxa vida, poderia ter sido um grande erro. Assim eu pensava e também penso assim hoje. Timothy Leary e Alpert – que hoje é o Ram Dass. Por onde ele anda hoje em dia?

Ele viaja frequentemente representando a Fundação Hanuman, despertando a consciência sobre espiritualidade e vida moderna. Ele trabalha às vezes com pacientes terminais, ensinando meditação...

Você precisa fazer isso ou passar por isso para morrer dignamente? Eu acho que não...

Bem, eu não sei, mas eu acho que estes métodos vêm do Oriente e representa algo diferente para alguém que está sofrendo, e este frescor chama a atenção deles. No Ocidente ignoramos estas questões sobre a morte.

E é ele que vai ao lugar?

Não tenho certeza se é ele, mas ele é uma parte importante disso.

O que o Tim Leary anda fazendo?

DH: Você não vai acreditar, ele está em informática.

Ele virou um computador?

DH: Não, ainda não. Mas parece ser um de seus objetivos. Eu não me importaria em ter a inteligência do Tim dentro do meu computador um dia. Ele está projetando o que ele chama de "software psicoativo" que é expansor da consciência. São jogos interativos que são baseados em seu trabalho sobre psicometria. Seu último jogo, "Mind Mirror", ele utiliza RPG e cenários intrigantes para ensinar pessoas a respeito de técnicas sociais e sobre empatia. É uma valiosa ferramenta psicológica, o jogo é excitante e divertido de se jogar.

RF: Eu ouvi ele dizer que os computadores serão "o ácido dos anos 80".

DH: Dick Price (co-fundador do Instituto Esalen) disse: "O Tim será a primeira pessoa a tornar os computadores ilegais!" De qualquer modo, seu trabalho é extremamente interessante e muito mais acessível quando estava envolvido com migração espacial.

Migração espacial? Era o que eu esperava ouvir a respeito dele.

RF: Já que falamos sobre migração espacial, eu queria dizer que enteógenos, particularmente os cogumelos, têm uma propriedade interessante de nos ligar, em algum tipo de telepatia ou alguma outra maneira misteriosa com outros níveis de realidades imensionais extraordinárias – como se fossem uma maneira para os humanos de visitarem um nível mais alto de consciência. É a última humildade admitir que esta inteligência superior vêm de alguma forma através da interação de um cogumelo, eu sei, mas há tantas pessoas que dizem ter presenciado isso e os fazem por milênios. Muitas pessoas dizem que têm sentido uma força incrívelmente religiosa que se extende pelo universo – um tipo de teia fibrosa de energia e inteligência – quando tomam os cogumelos de forma respeitosa. O que você acha disso?

Eu tenho temo que, desde que eu estou trabalhando aqui sozinho, eu não tenho os mesmos contatos que vocês têm. Eu não sei de nada a respeito do que eles estão pensando, mas eu não acho que tive esta impressão quando eu tomei cogumelos. Eu não tenho tomado mais, já faz alguns anos. Não é uma coisa para se tomar, creio eu, todo sábado a noite. Eu não trato destas questões.

Qual foi a sua maior contribuição neste campo de conhecimento?

Bom, minha principal contribuição, eu diria, são estes livros que estão naquela estante. E nestes livros eu trato em profundidade muitas questões que você está me fazendo.

DH: Eu gostaria que eles estivessem todos esgotados.

Você tem o The Wondrous Mushroom (Wasson 1980)? Eu acho que tenho uma cópia aqu e posso te dar. É um bom livro – The Wondrous Mushroom. De fato, todos são bons livros – diz o autor.

Sr. Wasson, você diz que não está orquestrando este grande projeto. Quem, ou o que, você acredita que está?

Quem é?

Ou o quê é? Você vê os cogumelos como parte de agentes de evolução?

Eu acho que eles são muito primitivos. Eles voltam muito atrás no tempo. Existem mais enteógenos do que suspeitamos. Atualmente, estamos encontrando mais e mais.

RF: Como você acha que suas descobertas podem beneficiar a sociedade?

Outra pergunta descomunal. Eu prefiro não responder a esta.

Você poderia apontar alguma direção para se estudar no futuro neste campo? O que você gostaria de explorar? A história de Adão e Eva parece uma mitologia a ser explorada pelo seu possível significado enteógeno.

Você já leu sobre isto no meu próximo livro? (Persephone's Quest: Entheogens and the Origins of Religion, Wasson et al. 1987) Eu vou dá-lo a você. Aqui, leia isto:

Este é a partir do primeiro capítulo do Persephone's Quest, seção 16, "A árvore do conheicmento do Bem e do Mal". Você escreve:

Citação:
Uma vez eu comentei que não havia cogumelos na bíblia. Eu estava errado. Eles têm um papel escondido (que é escondido de nós até agora) e um maior ainda, que é o episódio mais conhecido do velho testamento, a história do Jardim do Éden e o que aconteceu com Adão e Eva.

Eu suponho que poucos, ou talvez ninguém, irão concordar comigo. Propor uma leitura desta história tão conhecida de forma audaciosa: que é encorajadora e intimidadora. Eu sou confidente, pronto para a tempestade. Eu suponho que a árvore do conhecimento e o bem e o mal é o soma, o calkuhla, o Amanita muscaria, o cogumelo sem nome dos povos que falam inglês. A árvore provavelmente era uma conífera, na mesopotâmia. A serpente, debaixo da terra, era uma assistente fiel da fruta. (Veja meu SOMA, pag. 214). Por favor, leia a história bíblica sob a luz de tudo que eu escrevi com a sensação sublime e reverência que o Amanita muscaria evoca, e como aqueles que o conhecem falam sobre ele somente quando estão a sós, de preferência à noite. Gradualmente isto irá lhe convencer que a "fruta" não pode ser nada além do soma. Todos mencionam a árvore, mas a frutá é inominável. Há duas árvores na história da bíblia, a árvore do conhecimento do bem e do mal, que tinha a fruta proibida para Adão e Eva, e a árvore da vida. Adão e Eva comeram comeram a fruta da árvore do conhecimento do bem e do mal, mas eles foram expulsos do Éden para impedir que eles comessem a fruta da árvore da vida, que poderia conferir imortalidade a eles.

Agora leia o seguinte texto, da tradução americana... (nota: eu não traduzi esta parte, apenas copiei da bíblia online na internet.)
Gênesis capítulos 2 e 3:

Cap 2:9. Do solo fez o Senhor Deus brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento; e também a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do mal... 16. E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, 17. mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás. 25. Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam.

Cap 3:1-13. Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o Senhor Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais. Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal. Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu. Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si. Quando ouviram a voz do Senhor Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim. E chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi. Perguntou-lhe Deus: Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses? Então, disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi. Disse o Senhor Deus à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi.


Então Deus deu as penalidades pela desobediência: para a serpente, teve que viver para o resto dos dias se arrastando pela barriga; para Eva, deveria sofrer as dores do parto; para Adão, deveria se submeter durante toda a vida ao trabalho. Continuemos a citar o texto:

Cap 3:22-24. Então, disse o Senhor Deus: Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal; assim, que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente. O Senhor Deus, por isso, o lançou fora do jardim do Éden, a fim de lavrar a terra de que fora tomado. E, expulso o homem, colocou querubins ao oriente do jardim do Éden e o refulgir de uma espada que se revolvia, para guardar o caminho da árvore da vida.
Adão e Eva tornaram-se auto-conscientes depois que comeram a "fruta" e vestiram folhas de figueira para cobrirem-se de si próprios e para Deus.

RGW: Eles se tornaram "auto-conscientes". É o que distingue a humanidade de outras espécies, "auto-consciência".

RF: Sim, este é um elemento importante também na teoria do McKenna. Este é o pulo evolutivo, parte do pulo evolutivo... Você continua escrevendo:

Citação:
A estória carrega a ressonância mística dos primeiros dias, na Mesopotâmia, onde cresciam cedros e outras coníferas.

Alguns meses atrás eu li as narrativas do Jardim do Éden mais uma vez, após eu não ter refletido sobre isso desde a minha infância. Eu li como uma pessoa que já conhecia enteógenos. Logo me dei conta que a ávore do conhecimento foi a árvore que tem sido reverenciadas por muitas tribos do homem antigo na Eurásia, precisamente porque nascia debaixo dele um cogumelo, esplêndido de ver, que fornecia alimentos enteógenos para o homem antigo, que lhes atríbuíam poderes milagrosos. Quem compôs a narrativa para nós no Gênesis foi claramente embebido pela sabedoria tradicional deste enteógeno: ele se absteve de identificar a "fruta": ele estava escrevendo para os iniciados que deveriam reconhecer o que ele estava falando. Eu era um iniciado. Estranhos e aqueles que não eram dignos se manteriam no escuro. Adão e Eva comeram a "fruta" induzidos pela serpente, a assistente fiel da "fruta", o que os micologistas chamam de Amanita muscaria, que inicia uma criação de vários eufemismos que mudam conforme o tempo. A pessoa que escreveu a narrativa do Gênesis, um iniciado e crente, atribuiu à "fruta" o presente da "auto-consciência", uma observação notável porque a auto-consciência é um dos principais quesitos que distinguem o homem de outras criaturas. Não é de se espantar que o criador desta história desse crédito deste presente particular ao nosso cogumelo? É improvável que ele estivesse sozinho fazendo isso.
Sim, muito interessante e se encaixa perfeitamente com o que os McKennas estão falando. Mas não é o Amanita muscaria que os intrigam; é o Stropharia cubensis, como já dissemos. Ambos propõem a idéia que estes cogumelos podem não ser somente a gênese da religião, como você já sugeriu (Wasson 1957, 1978), mas também a gênese da conciência que nos distingue dos outros primatas, como você está dizendo hoje em dia (McKenna 1991).

Uma das pinturas rupestres mais antigas, os afrescos de Tassilli, claramente ilustram o uso xamânico de cogumelos entre oito ou cinco mil anos atrás na África em uma cultura que ainda é um mistério para nós (Lhote 1959). Os McKennas dizem que talvez os cogumelos estimulavam esta atividade do cérebro e nos deu acesso ao discurso e à nossa capacidade acelerada de formação simbólica. É a nossa consciência que nos distingue de outros animais. e isto foi afetado radicalmente através de enteógenos.

Dennis McKenna sugeriu que eu te perguntasse a respeito dos Tapetes de Paracus do Peru. Você os conhece?


Sim, conheço. As autoridades nestes tapetes não acreditam que esteja lá um cogumelo representado. Bom, eu acho que eles podem estar errados. Eu não estou muito por dentro da história destes tapetes para dizer algo e nem quero saber também. Mas eles parecem meio dogmáticos. Eles acham que sabem o que aqueles sinais significam. Esqueci quem era minha autoridade – um consultor em Harvard – era.

Marlene Dobkin de Rios, em seu livro recente Hallucinogens: Cross Cultural Perspectives (1984), disse que é a figura de uma pessoa com um martelo, embora o formato não se pareça com um. O esquema de cores é exatamente igual aos Amanitas.

Tenho lindas fotografias destes tapetes na minha biblioteca em Harvard. Poderia muito bem ser um cogumelo, mas eu esqueci da explicação que me deram, mas também não me importo em refutá-las. Eu tenho medo de ser muito conclusivo nas minhas afirmações – que eu aceito qualquer coisa em formato de cogumelo como um cogumelo.

Você mencionou em The Road to Eleusis que um velho amigo seu lhe parabenizou pelo seu trabalho no México, mas disse: "Posso lhe dar um conselho? Cuide do culto ao cogumelo no México mas evite ver cogumelos por toda a parte". (Wasson et al. 1978).

Bom, eu tenho o apoio de Carl Ruck, professor de história clássica na Boston University.

E também de Robert Graves.

Mas Robert Graves ainda acha que foi Amanita muscaria em Eleusis e eu discordo dele profundamente! Era o ergot – o parasita do centeio.

Há uma grande diferença experimental entre o Amanita muscaria e o amido do ácido lisérgico...

Bem, há diferentes químicos aparecendo em diferentes cogumelos. O químico do Amanita muscaria é completamente diferente dos químicos que estão nos Psilocybes e no ergot, os quais estão relacionados. Eles estão agora em processo de descobrimento de uma planta no México... não me lembro o nome. Eu estou ficando cansado. É melhor pararmos.

Há alguma coisa que não perguntamos que você gostaria de responder?

Suas perguntas foram muito boas, inteligentes, de vocês dois.

DH: Há algo que nós deixamos de perguntar?

Por Deus, vamos conversar depois. Muito obrigado a vocês dois.

RF: Muito obrigado.

Webgrafia:
http://www.bibliaonline.net/

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Anarquicamente copiado de:
FORTE, Robert. Entheogens And The Future Of Religion. San Francisco, CSP, 1997.

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